sábado, 13 de dezembro de 2014

A verdadeira importância do clássico de amanhã

Penso que é claro para todos que o Glorioso e o FCP repartem entre si o domínio do futebol português dos últimos 40 anos, com algum ascendente, por muito que os custe admitir, para o clube da fruta. Ascendente que foi devidamente contrariado na última meia dúzia de anos.

O verdadeiro clássico do futebol português passou a ser entre os principais clubes das duas maiores cidades do país, ao invés do derby lisboeta, ou da 2ª circular (como preferirem).

O politicamente (ou desportivamente) correto de dizer é que "são só 3 pontos que estão em disputa" ou que "ainda há muito campeonato pela frente", mas a verdade é que se tratam das duas melhores equipas da liga e quem ganhar fica com vantagem sobre a outra.

Num excelente artigo do MaisFutebol podemos constatar que, desde que o FCP "cresceu", com a entrada do Pedroto, "em quase 80 por cento dos casos quem conseguiu um resultado positivo no primeiro clássico da época, seja ele vitória, ou empate fora de casa, acabou a festejar o título em maio". 

Por isso meus amigos, como se disse no estádio na Luz na última 3ª feira, "Domingo é para ganhar!".


Um clássico que define quatro campeões em cinco

Por Nuno Madureira       ontem às 14:45
Um clássico que define quatro campeões em cinco
Mandam os cânones do discurso correto dizer que, por regra, os campeões não se decidem nos clássicos. E, também, que os clássicos da primeira volta não trazem definições importantes na corrida ao título. Mas os cânones do discurso correto nem sempre têm razão. Especialmente se o clássico em questão for entre os dois dominadores da Liga portuguesa nas últimas quatro décadas. Se ouvir alguém classificar o clássico deste domingo como decisivo, não encolha os ombros: à luz dos números, e do passado recente, quem o diz tem quatro quintos de razão.

1977, o ano da viragem

A época de 1977/78 marca uma viragem na história do futebol português, com o primeiro de dois títulos consecutivos ganhos pelo FC Porto a modificar a relação de forças no campeonato. Até aí, Benfica (23) e Sporting (14) repartiam a esmagadora maioria de títulos. O bicampeonato de Pedroto assinala o ponto em que o FC Porto começa a substituir o Sporting como principal rival dos encarnados, antes de, a partir da década de 90, se tornar a potência dominante.



A partir daí, objetivamente, os embates entre águias e dragões passaram a ter mais influência nas contas do título do que qualquer outro jogo, dérbis de Lisboa incluídos. Nos 37 anos que se seguiram, só cinco campeonatos – quatro do Sporting e um do Boavista - não foram ganhos por FC Porto (22) ou Benfica (10). Em 22 desses 37 anos a dupla monopolizou os dois primeiros lugares, e só por uma vez, em 2001/02, não teve qualquer representante nos lugares da frente.

Mais do que isso, os clássicos passaram também a funcionar como o termómetro que, com um rigor assinalável, dá pistas sobre o nome do campeão ainda antes do fim da primeira volta. Ao todo, 25 vezes em 32 - ou seja, em quase 80 por cento dos casos - quem conseguiu um resultado positivo no primeiro clássico da época, seja ele vitória, ou empate fora de casa, acabou a festejar o título em maio.

Já foi assim em 1977/78, quando o FC Porto foi arrancar um 0-0 à Luz no final da primeira volta e comemorou o título que pôs fim a 19 anos de jejum. Voltou a ser assim na época seguinte, quando venceu o Benfica nas Antas (1-0), à segunda jornada e embalou para o bicampeonato. Depois de uma época em que o título foi para Alvalade, a primeira exceção à regra aconteceu na temporada 1980/81, em que o FC Porto venceu o Benfica nas Antas, mas foram os encarnados, então orientados por Lajos Baroti, que fizeram a festa no fim da temporada. Depois de mais uma época em que o título foi para o Sporting, seguiram-se seis anos em que a regra foi de ouro: quem ganhou ou empatou fora no primeiro clássico foi campeão.

Depois de um período, entre 1988 e 1992, em que as exceções foram frequentes e os títulos repartidos por igual, a entrada na década de 90 assinala o início do domínio claro do FC Porto, sublinhado pela vantagem constante no primeiro confronto do ano diante do Benfica. No ano em que isso não aconteceu, em 1993/94 (empate dos encarnados nas Antas, 3-3) a festa no fim da época fez-se na Luz.

A tendência entrou pelo século XXI, e foi confirmada nos anos de Mourinho. Em 2004/05, porém, nova exceção, no campeonato mais atípico dos últimos anos: o FC Porto, de Victor Fernandez, venceu o Benfica de Trapattoni na Luz, mas foram as águias que fizeram a festa, onze anos depois do último título. E, no ano seguinte, inverteram-se os cenários, com o Benfica, de Koeman, a vencer o primeiro clássico da época, no Dragão, mas a não impedir que o FC Porto, de Co Adriaanse, festejasse o campeonato.

A regra manteve-se daí em diante, e entrou pela era Jorge Jesus: na primeira época do técnico na Luz, a vitória por 1-0 no fim da primeira volta, com golo de Saviola, foi decisiva para encaminhar o título. O mesmo aconteceu na época passada, num clássico da Luz (2-0) marcado por um clima de grande emotividade, face à morte recente de Eusébio. Pelo meio, o FC Porto de André Villas-Boas e Vítor Pereira aplicou a regra em seu benefício nas temporadas de 2010/11 e 2011/12. A única exceção na era JJ aconteceu em 2012/13, quando o Benfica começou o ciclo dos clássicos com um empate no Dragão (2-2), acabando por perder a vantagem – e o título - com a derrota por 2-3, na Luz, no jogo da segunda volta.



Refira-se, a terminar, que a regra dos clássicos é ainda mais clara quando se consideram os dois jogos da temporada: no mesmo período, de 1977/78 à atualidade, só por duas vezes o campeão teve desvantagem no conjunto dos dois clássicos. Aconteceu em anos sucessivos, na já referida época 2004/05, com o Benfica de Trapattoni a festejar o título tendo apenas um empate no Dragão. E, logo depois, em 2005/06, quando Co Adriaanse, no FC Porto,  conseguiu uma proeza que até hoje não foi repetida: sagrar-se campeão, mesmo perdendo os dois clássicos da temporada.



Primeiros clássicos/definição do campeão
 
Época
1º clássico
Campeão
1977/78
SLB-FCP, 0-0
FC Porto
1978/79
FCP-SLB, 1-0
FC Porto
1979/80
- - - - - - - - - - - - - 
Sporting
1980/81
FCP-SLB, 2-1
Benfica
1981/82
- - - - - - - - - - - - - 
Sporting
1982/83
SLB-FCP, 3-1
Benfica
1983/84
SLB-FCP, 1-0
Benfica
1984/85
FCP-SLB, 2-0
FC Porto
1985/86
FCP-SLB, 2-0
FC Porto
1986/87
FCP-SLB, 2-2
Benfica
1987/88
SLB-FCP, 1-1
FC Porto
1988/89
SLB-FCP, 0-0
Benfica
1989/90
FCP-SLB, 1-0
FC Porto
1990/91
SLB-FCP, 2-2
Benfica
1991/92
FCP-SLB, 0-0
FC Porto
1992/93
FCP-SLB, 1-0
FC Porto
1993/94
FCP-SLB, 3-3
Benfica
1994/95
SLB-FCP, 1-1
FC Porto
1995/96
FCP-SLB, 3-0
FC Porto
1996/97
SLB-FCP, 1-2
FC Porto
1997/98
FCP-SLB, 2-0
FC Porto
1998/99
FCP-SLB, 3-1
FC Porto
1999/00
- - - - - - - - - - - -
Sporting
2000/01
- - - - - - - - - - - - 
Boavista
2001/02
- - - - - - - - - - - - 
Sporting
2002/03
FCP-SLB, 2-1
FC Porto
2003/04
FCP-SLB, 2-0
FC Porto
2004/05
SLB-FCP, 0-1
Benfica
2005/06
FCP-SLB, 0-2
FC Porto
2006/07
FCP-SLB, 3-2
FC Porto
2007/08
SLB-FCP, 0-1
FC Porto
2008/09
SLB-FCP, 1-1
FC Porto
2009/10
SLB-FCP, 1-0
Benfica
2010/11
FCP-SLB, 5-0
FC Porto
2011/12
FCP-SLB, 2-2
FC Porto
2012/13
SLB-FCP, 2-2
FC Porto
2013/14
SLB-FCP, 2-0
Benfica

   negro as exceções à regra. 
 itálico os anos não considerados

Fonte: MaisFutebol

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