terça-feira, 22 de abril de 2014

Comboio encarnado



Acho uma excelente ideia! Os adeptos benfiquistas que vêm de todo o país estão a ganhar o hábito de vir de comboio para os jogos. 
Um acordo entre o Benfica e a CP permite que muitos adeptos cheguem confortavelmente de comboio a Lisboa, com direito a transfer em autocarro para o Estádio da Luz, por um preço muito acessível.
Todos os utilizadores se mostram muito satisfeitos e a única reclamação é não chegar a todo o país, problema que só a CP pode resolver.

Ir ao futebol de comboio tornou-se moda para milhares benfiquistas, desde que o clube e a CP se entenderam para montar uma oferta de “comboios especiais” que trazem os adeptos de vários pontos do país directamente para a estação de Benfica. O PÚBLICO acompanhou neste domingo, entre Braga e Benfica, um destes comboios fretados, cujos passageiros descobriram na própria viagem uma antecipação e um prolongamento da própria festa do estádio.

“É mais confortável, é mais barato e não é tão cansativo. Isto de comboio é muito melhor. Olhe eu autocarro nunca mais. E na quarta-feira venho outra vez”. Helder Matos, 34 anos, embarcou em Vila Nova Gaia e bebe umas cervejas com dois amigos que vieram também de Gaia e outro de Espinho. Os três alinham no mesmo discurso: “isto é muito melhor porque a malta pode andar e conviver, sempre vai ao bar e à casa de banho. E chegada aquela hora de partir, é certinho. Se fosse de autocarro anda tínhamos que estar à espera dos que faltam”.

São 11h45 e o comboio do Benfica, que saiu de Braga às 9h04, acaba de arrancar da estação de Pombal, onde deixou passageiros em terra porque já vai lotado. Nada de grave. Atrás desta composição, formada por uma locomotiva e seis carruagens, segue um comboio de desdobramento que vai recolhendo quem já não cabe neste.

Atravessa-se a composição de ponta a ponta e, se é certo que há grupos ruidosos que vão antecipando a festa de logo à noite, há carruagens onde a única coisa que as distingue das de um vulgar Intercidades são os passageiros vestidos de vermelho. Grupos de amigos, casais de todas as idades, famílias inteiras, vão sentadas a conversar calmamente, a dormitar, a ler jornais, a brincar com tablets, telemóveis ou portáteis.

O revisor do comboio vai controlando os bilhetes com a ajuda de um colega, também revisor, mas que hoje viaja como passageiro, “com bilhete pago à Casa do Benfica”, como faz questão de explicar. Rui Moreira, que já várias vezes fez esta viagem com a farda vestida, em serviço, diz que nunca houve problemas e que as viagens de comboio estão a recuperar o velho hábito de as famílias virem à bola como o faziam antigamente. Uma opinião corroborada por vários passageiros com quem o PÚBLICO falou e que sublinham que “isto não é um comboio das claques”.

José Rocha, 38 anos, vem de Campanhã. Viaja sozinho, mas leva crianças ao colo, brinca, bebe umas cervejas e anima um pequeno grupo de amigos, habitués desta viagem. “Isto é mais confortável e é melhor do que as camionetas. Já é a quinta vez que venho. Isto é como uma família!”.

A viagem do Porto a Benfica ida e volta, com direito a transfer em autocarro para o Estádio da Luz, custa-lhe 15 euros. Um Intercidades normal entre Campanhã e Santa Apolónia custa 35,90 euros. Os bilhetes são exclusivamente vendidos pelas Casas do Benfica e têm preços distintos para o público geral, para os sócios da Casa do Benfica ou os do próprio clube e – os mais baratos – para os sócios de ambos.

Miguel Nunes, 40 anos, vem de Ermesinde e pagou 17,50 euros. É a primeira vez que vem à bola de comboio e deixou-se seduzir pelo preço. “O preço é o factor aliciante e tem a vantagem de ter o autocarro para o estádio da Luz”, diz. Mas tem uma queixa: “É um bocado cedo de mais porque chegamos à uma e tal e o jogo é só às seis. É como as excursões [de autocarro] em que eu deixei de ir porque demoravam o dia inteiro”.

Mas também há quem se queixe da hora de regresso porque às 22h00 a festa vai estar no auge e vão ter que apanhar o comboio. “Devia ser lá para as 2h00 ou 3h00 da manhã”, diz Rui Lopes, de Vila Nova de Gaia.

Jorge Jacinto, director das Casas do Benfica e o principal interlocutor destes comboios especiais junto da CP, diz que este horário está bem “porque assim ainda chegam a tempo de festejar nas rotundas das suas terras”. Além de que amanhã é dia de trabalho e há quem queira chegar cedo a casa.

O bar deste Intercidades vai animado. Abrem-se farnéis, comem-se rissóis, croquetes, frango assado, abrem-se geleiras com cerveja e vinho. Rosa Vieira, a funcionária do bar, diz que neste tipo de comboios não parece mal que os clientes se refastelem com a sua própria comida nas mesas da carruagem-bar. De resto, não faltam pedidos de sandes e cervejas, sendo que o bar chega sempre esgotado ao destino. “Aqui só não sobra a água”, grita um adepto mais excitado.

Rosa Vieira mostra um vídeo no seu telemóvel onde se vê um grupo a cantar e a saltar numa viagem anterior. “Isto é sempre assim, mas há um grupo muito animado que costuma entrar na Curia e hoje veio no comboio que vem atrás deste”.



1 comentário:

  1. Também outro artigo, alguns dias antes n'a Bola.

    http://serbenfiquista.com/blog_post/o-comboio-vermelho-para-lisboa

    Avante pelo Benfica!

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