sexta-feira, 16 de maio de 2014

"A quantas finais europeias já foste?"

"A quantas finais europeias já foste?" - é aquilo que eu respondo quando me perguntam se valeu a pena ir a Turim para ver o Benfica perder. Sim, perdemos. Faz parte. Aliás, já estava preparado para tal. No futebol, para os mais esquecidos, só há 2 resultados possíveis (tirando o empate que, numa final, não entra para as contas) - a vitória ou a derrota.

Depois de Amesterdão, veio Turim. Uma época de sonho que não deixa de o ser mesmo depois deste resultado. Ter de correr meia Europa para lá chegar, com escalas apertadas, não era motivo para nos fazer desistir. Lisboa-Porto-Frankfurt-Milão-Turim. 4 destinos feitos em 15 horas. Isto é o Benfica. Não dá para explicar. Dizem que somos loucos da cabeça. Se calhar somos. Não, afinal somos mesmo. Mais de 60 horas sem ir à cama. Dormitar em bancos de aeroporto, em aviões, em comboios. Tudo por um objectivo.

"Voltavas a repetir? Valeu a pena?" - Claro que sim. Como já disse, só há dois resultados possíveis. Temos de estar preparados para a derrota. É duro, claro que é. Dói como um estalo dado pela mão do King Kong. Não acredito em fantasmas, mas duas de seguida é de desconfiar. Não vou falar nos penaltis, nas expulsões, na falta do Enzo, Marko e Salvio. Prefiro falar do ambiente que se viveu com a Turma, de ser escoltado pela policia pelo centro de Turim passando vermelhos, indo por sentidos contrários, captando as atenções dos locais. Não vou falar dos 33 mil que estavam nas bancadas quando o estádio leva 41 mil. Não vou falar do Beto. Prefiro falar dos adeptos do Torino que gritavam Benfica a cada esquina de Turim. Prefiro falar do ambiente que se vivia fora do estádio, no centro de Turim, em todo o lado.

Ao meu companheiro de viagem, Djeiti, deixo (mais) um abraço de consolo. Sei que para ti estas derrotas doem mais do que perder um dedo, ou uma mão, ou uma perna, ou até a própria vida. Fica para recordação a sandes de galinha Tai que me fez ficar azul, os lugares nas saídas de emergência que afinal ainda eram mais apertados que um lugar normal, as gargalhadas sem fim fruto de uma bebedeira de sono, a cara de desilusão do velhote que até nem era do Benfica e que veio de África do Sul e ainda não sabia o resultado, eu querer filmar a cerimónia de abertura e tu com a bandeira a frente do telemóvel pouco te importando com as meninas a correr no relvado e as suas coreografias, da menina de olhos azuis que nos pintou a cara, do teu bigode ralinho em vez de farfalhudo, do alarme que tocou na H e nos fez saltar que nem molas antes da partida de Frankfurt para o Porto, da viagem Porto-Lisboa num intercidades aos solavancos que comparando com o comboio de alta velocidade italiano nos fez constatar que ainda somos tão, tão pequeninos. Mas estes pequeninos da Europa, que estão aqui nesta ponta, quase esquecidos, viveram a sua 2ª final europeia seguida. Seguida. Mais se seguirão, seguramente. Porque o Benfica é grande, porque os seus adeptos são maiores que os outros. Porque apesar de termos perdido, o orgulho de vestir de vermelho juntamente com outros milhares é maior que uma derrota.

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2 comentários:

  1. Pois eu continuo a dizer: o importante é competir COM HONRA! Segundo lugar é mau? Não, se comparado com o terceiro. Mas é MUITO, se comparado com o primeiro. Mas para isso é melhor não chegar à final? Perder nas meias é melhor do que na final? É menos doloroso, mas também é enorme a dor de "estar quase lá, na final" e não conseguir. Chama-se a isto competição.
    No caso dos "andrades", finalmente encontramos um adversário na final, "à altura" da maioria dos adversários que encontrou nas "suas" finais: este Sevilha é o mesmo que um Celtic ou um Onze das Caldas, ou até "aquele" Mónaco (e este perdeu o seu melhor jogador, por lesão, aos 20 minutos, quando já davam um banho de bola).
    Quanto aos "lagartos" ..... deixem-me parar de rir que depois respondo!

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  2. Também lá estive, também doeu muito, também valeu muito a pena. Domingo é para levantar a taça no Jamor!!! Lá estaremos novamente. Porque ser do Benfica é assim, lutar, lutar, lutar e continuar a lutar, sabendo que uma vitória tem muito mais sabor do que as lágrimas derramadas por qualquer derrota. Grande abraço amigo Cola!

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