Jonas entrou na Luz como tantas vezes entrara nos cinco anos em que vestiu a camisola encarnada: pelo túnel de acesso ao relvado. À jogador. À craque. À goleador. Do outro lado do estádio, segundos antes, Luís Filipe Vieira descera as escadas de acesso ao relvado para, também ele, comparecer na cerimónia.
Os dois cumprimentaram-se e, pouco depois, o presidente do Benfica começou a falar, não sem antes lançar o aviso de que sairia em breve, por ter «diversos assuntos para terminar». Vieira repetiu algumas das mensagens anteriormente enviadas ao brasileiro: «Não é uma despedida, Jonas, é um até breve, pois estarás sempre ligado a nós e ao nosso Benfica».
O líder dos encarnados sintetizou, depois, os cinco anos de convívio com o goleador de Bebedouro, no município de São Paulo: «Não é fácil recordar cinco anos em cinco minutos, mas Jonas marcou-nos a todos. Deu nas vistas pelos golos, sim, mas também pela postura, profissionalismo e humildade».
A seguir, Luís Filipe Vieira abordou a forma como Jonas começou a preparar a saída da Luz: «Antes das férias, chegou ao pé de mim e disse-me que o mais provável é que, quando regressasse, não quisesse voltar a jogar futebol profissional. Disse-lhe para ir de férias e que, no início da época, falaríamos mais uma vez sobre o assunto. Porém, quando voltou para começar os trabalhos, vinha com a mesma ideia. E tivemos de aceitar, claro…»
O presidente, no entanto, continua a acreditar que Jonas tinha condições para fazer mais uma época: «Ele ainda aguentava mais um aninho [Jonas, ao lado, riu-se] e fazia mais umas dezenas de golos. OK, talvez não fizesse o mesmo número de golos, mas ainda marcaria muitos. Também tenho dores nas costas e isto vai passando com o tempo [Jonas voltou a sorrir]. Porém, o melhor é sair da mesma forma como entrou; ou seja, pela porta grande».
De seguida, Luís Filipe Vieira levantou-se, voltou a cumprimentar Jonas e foi-se embora.
«Dá-me os teus óculos!»
Foi depois a vez de Jonas falar. E antes de o brasileiro discursar, um adepto encarnado lançou, da bancada, um pedido ao (ex-)goleador: «Jonas, dá-me os teus óculos!». Jonas sorriu, acenou e começou a falar: «É bom estar aqui ao lado de cada um de vocês. Como disse o presidente, não é um adeus, é um até já. O carinho que vocês, adeptos, têm passado para mim é inesquecível. Estou tranquilo perante vocês, pois sei que sou um de vós e vocês fazem parte de mim. Valeu a pena o esforço que fiz, sobretudo desde janeiro, para terminar a temporada. Tive momentos em que estive quase a desistir, mas a conversa que tive com o mister Bruno Lage fez-me ver que o ideal era terminar a época em grande. E terminar em grande era terminar como campeão!»
A seguir a estas palavras, Jonas respondeu a algumas perguntas dos jornalistas presentes na Luz. Qual foi, por exemplo, o golo mais especial que marcou pelo Benfica? Resposta já conhecida: «O golo ao Boavista, no Bessa [jornada 27 de 2015/2016, a 20 de março de 2016, vitória por 1-0 do Benfica, golo aos 90+4], foi marcante».
Pergunta óbvia: como está a ver o funcionamento da dupla Seferovic-De Tomas? «Sefe é um homem da casa e vai continuar a ser importante; já Raul de Tomas vai ter o seu lugar na história do Benfica. Conheço-o de alguns jogos em Espanha e sei que vai ser importante; a dupla terá muito sucesso», salientou o BOLA de Prata de 2015/2016 e 2017/2018 (32 e 34 golos).
Jonas finalizou a conversa com os jornalistas afirmando que, mais do que troféus ou golos, talvez lhe tenha faltado na carreira «uma melhor preparação inicial», dado que começou a jogar como profissional já com 20 anos, no Guarani. Acrescentou ainda que, na final da Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Sporting, a 4 de agosto, espera que seja o primeiro título que comemorará «como adepto do Benfica.»
In Jornal ABola
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