quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um lateral esquerdo…no Banco!

Dou este destaque por ter sido jogador do Benfica. Dou este destaque, por o ter conhecido, através do pai e da esposa dele.

O site maisfutebol publicou uma reportagem sobre um lateral esquerdo que cedo se mostrou e cedo terminou.
Hoje, está no Banco.


Diogo Luís foi a primeira aposta de José Mourinho como treinador principal.
Mourinho chegou ao Benfica e encontrou «uma equipa amorfa». «Por isso, chamou alguns jovens da equipa B. Eu, o Geraldo e o Nuno Abreu. Acabaram por nos chamar Irmãos Metralha, mas acho que eu levei por tabela com o rótulo.»

Diogo Luís era magro, sem a capacidade de choque dos dois centrais. «O Geraldo e o Nuno Abreu mordiam mesmo os calcanhares, davam um pouco de porrada se fosse preciso. Na altura, isso serviu para que os jogadores da equipa principal passassem a encarar os treinos de outra forma.»

Chega então o episódio. O treinador do Benfica decide lançar o jovem lateral num jogo da Taça UEFA, a 29 de setembro. Mas algo falha.
«Fui treinar de manhã com a equipa B e daí segui para a faculdade sem me dizerem nada. O José Mourinho ligou-me para me chamar para o treino da equipa principal, porque queria colocar-me como titular. Só que eu fiquei sem bateria no telemóvel. Só mais tarde soube disso», recorda o ex-jogador.

Diogo Luís foi a correr para o Estádio da Luz. «Foi demasiado tarde. Quando cheguei, o treino tinha acabado. Encaminharam-me para o gabinete do Mourinho mas ele foi impecável. Disse-me que não iria jogar frente ao Halmstad mas seria titular logo no jogo seguinte. E assim foi. Mas aquilo podia ter comprometido a minha história.»

«Erros desses eram comuns no Benfica, nessa altura. Alguém me devia ter informado de manhã, porque o José Mourinho já tinha anunciado aquela decisão no dia anterior. Fiquei em pânico, tudo por causa de uma bateria de telemóvel», diz o esquerdino, entre sorrisos.

José Mourinho lançou Diogo Luís no encontro seguinte, como prometido, frente ao Sp. Braga. O jovem lateral terminou a época com 25 jogos nas pernas. Durante a campanha eleitoral, Manuel Vilarinho chegou a acenar com o nome de Juan Pablo Sorín, que estaria garantido. Contudo, Diogo Luís seria a aposta do Benfica. Durou pouco.

O treinador saiu, o esquerdino manteve-se. Na época seguinte, perde espaço para Pesaresi e Cabral. Lesiona-se, faz apenas três jogos e ruma a Alverca.

Aos 28 anos, encerrou a carreira. Agora, a sua vida é outra.

«Tive uma carreira boa, bons momentos, mas claro que podia ter ido mais longe. Se calhar, foi por demérito meu. Mas joguei no Benfica, depois no Alverca que tinha na altura um bom projeto, o Beira Mar que tinha outra alma antes de mudar de estádio, a Naval que é um clube mais familiar, o Estoril onde está a ter sucesso um amigo, o Marco Silva, e o Leixões, com adeptos muito exigentes», recorda o antigo lateral.

Na época 2008/2009, rumou ao Apollon Limassol. Seria o seu último clube. «Terminei cedo, ainda com 28 anos. Tinha convites da II Liga mas achei que era a altura certa para investir na nova carreira. Aos 33, 34 anos já seria olhado de forma diferente neste meio.»

O esquerdino, atualmente com 32 anos, acompanha o futebol à distância. «Jogo futebol com amigos, tenho o curso de treinador de II Nível e um dia gostava de ter um desafio desses, se surgir a oportunidade. De resto, gosto de ir aos estádios, mais à Luz mas também ao Estoril ou Belenenses, por exemplo. Vejo mais as movimentações que o jogo em si, mas não consigo evitar.»

Diogo Luís é agora Personal Financial Advisor numa instituição bancária. «Claro que sinto falta do cheiro da relva, dos balneários. Fiz muitos jogos no Benfica e fiquei satisfeito por isso, mesmo sabendo que a fasquia era muito alta e que isso se calhar prejudicou alguns jovens. Eu, o Ricardo Esteves, o Rui Baião, etc.»

Diogo Luís foi parar a um banco por opção. Nunca abandonou o curso de Economia na Universidade Nova e decidiu apostar num futuro a médio prazo, sabendo que a carreira de jogador é efémera.

«Não foi fácil, as aulas eram à mesma hora dos treinos. Mas, por outro lado, o futebol incutiu-me disciplinar, não fui um aluno excelente mas tinha média de 15. Acabei o curso em 2006 e deixei de jogar em 2009, então com 28 anos», recorda o esquerdino.

Começou no Banco de Investimento Global, em setembro de 2010, e passou para o Best no ano seguinte.

«Temos no banco numa carteira de cliente e uma oferta gigantesca de aplicações. A minha função passa pelo aconselhamento financeiro, apresentando as soluções que se enquadram melhor no perfil do cliente. É algo que faço com gosto», explica.

A desconfiança fez-se sentir. Um antigo jogador de futebol, ainda com 32 anos, vestindo fato e gravata e apresentando propostas com um discurso maduro, trabalhado, complexo. «Por um lado, a literacia financeira em Portugal é muito baixa. Por outro, é verdade que tive de trabalhar também para afastar aquela imagem de jogador de futebol. Algo que tem vindo a mudar, felizmente.»

«O dinheiro que ganho agora não se compara ao que ganhava enquanto jogador, mas se calhar a médio prazo vai acabar por compensar. Sinto-me útil e ganho em outras coisas, como mais tempo para a família», remata Diogo Luís.

Boa sorte, Diogo Luís! Tenho pena que não tivesses podido ser mais em campo aquilo que também sonhavas poder ser! Há mais vida para lá do futebol!

Por falar em lateral...enquanto Carole deu de frosques, o empréstimo de Silvio já é oficial...e hoje surgiu um nome novo, com o lateral esquerdo do Sao Paulo a poder vir fazer a Eusebio Cup à Luz e já nao voltar ao Brasil!

1 comentário:

  1. História bem engraçada. Noto como Mourinho aposta nos jovens da formação. E mais não digo.

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