Tal como a
tradição manda, quando se conheceu o sorteio das jornadas e calendário dos
jogos do Benfica…há 3 meses atrás…um dos principais motivos de interesse era
saber quando íamos jogar…à Madeira!
Das 3 datas
possíveis, a última jornada ficou fora de hipótese, e entre as outras duas, a
que reuniu maior número de votos (três contra um) foi…Outubro, contra o União!
E assim foi,
de imediato os voos foram reservados e o calendário bloqueado, famílias avisadas…neste
fim-semana, vai haver ramboia na ilha!
Depois
começaram os stresses…primeiro o Aníbal resolveu sair do coma e lembrou-se de
cuspir uma data ao calhas, sem pés nem cabeça, ao nível das decisões que toma
habitualmente…e vai de marcar as eleições para o dia 4… De imediato pensei que
estava tudo perdido…nem votava, nem via o jogo pois ia ser adiado para outro
dia qualquer devido aos compromissos do SLB na Champions e das seleções.
Fiquei
frustrado…mas eis que afinal de contas o jogo acaba mesmo por ser marcado para
o dia das eleições, envolto em ruído de fundo. Que alívio, que satisfação!
Vamos lá estar, para te apoiar, Benfica do meu coração!!!
Após os meses
de espera em que tanto se passou, tantos contratempos que aqui partilhei e que
têm tornado demasiado atípica esta época…ficando impedido de ver já mais jogos
do que alguma vez imaginaria no pior cenário possível. Ao menos o jogo na
Madeira ninguém me há-de tirar, dizia eu…fazendo figas!
Estranhamente
só 5 dias antes de partirmos é que foram colocados à venda os bilhetes para o
jogo com o União…e confirmado que o jogo era na Choupana, algo que nos voltou a
fazer recear por um tal de fantasma que lá costuma pairar…e olhando para os
sites meteorológicos…era bastante previsível o que podia acontecer…mas
pensávamos…alguém saberá o que está a fazer…até porque eles melhor do que
ninguém sabem o que “a casa gasta”!
Na véspera de
partir, há quem diga que foram os nervos ou pessimismo, passei mal o dia, algo
que comi, paragem de digestão, sei lá…certo é que foram horas em que temi o
pior de não poder embarcar…faltavam tão poucas horas para seguir viagem para
este fim-semana em que precisava estar na melhor forma…e eu naquele estado…mas
felizmente passou…e num ápice estávamos no Funchal a virar ponchas (as melhores
são de longe na zona velha, servidas pela D.Délia), travessas de lapas e
petiscos (salivar pelo Muralhas) e a deliciar-nos com as fantásticas iguarias
dos melhores recantos da Madeira que já vamos conhecendo bem destas andanças
atrás do Maior de Portugal.
Curiosamente
desde o primeiro dia que não sei porquê…várias pessoas nos perguntaram se
éramos jogadores de futebol…ou árbitros… Quando me abordavam eu encolhia a
barriga para dar ares de não estar em forma…de bola. E respondia que éramos da
Comitiva do Maior de Portugal e estávamos na ilha por causa do Grande jogo.
Gente importante. E isso notava-se. Lol
Ora em Porto
Moniz, ora em Câmara de Lobos, ora no Funchal, ora no Caniçal, e depois também
no belo restaurante das espetadas no Estreito de Câmara Lobos (onde o empregado
de mesa ainda não tínhamos entrado já estava a falar connosco como se nos
conhecesse de longa data dos jogos na Luz e sem nós termos aberto a boca)…
Mesmo quando não tínhamos nenhum adereço afeto ao Benfica…falavam connosco como
se fosse extremamente evidente de que éramos do SLB…reconhecimento que anoto
com apreço e como sendo algo de valor…mas que gostava de perceber como é
deduziram isso…
Ah,
espera...e não foi certamente por me terem visto na televisão lá na bancada da
Choupana, pois alguns destes episódios foi antes do jogo.
A vista
fabulosa do nosso terraço dava logo ao amanhecer um nervoso do que estaria para
vir…e o aproximar da hora do jogo coincidiu precisamente com o agravar da
nebulosidade, vento forte e chuva valente por cerca de duas horas, entre as 13h
e as 15h. Isto não me está mesmo a acontecer, pois não?
Sabem os
amigos que costumam ir a muitas deslocações longas fora de casa…que sempre tive
este pesadelo…sempre passei horrores só de imaginar o que seria fazer uma
viagem…e o jogo não se realizar…e agora estava mesmo a passar por tudo aquilo.
Desta vez, já
conhecendo melhor como são os caminhos até lá acima, fomos à hora ideal, e pela
estrada certa…e estacionámos a 300 metros do Estádio da Madeira. A 300 metros da
porta da nossa bancada que fica junto à baliza virada para sul. E dali, não me
apercebi que o estádio…era já ali! Parecia que ainda teria de subir imenso até
lá chegar. Mas esperei até a chuva parar. Foi quando o RedPass blog partilhou
uma imagem que dava conta do nevoeiro ter levantado lá dentro da Choupana…que
pensámos que afinal só estava mau ali fora, e lá dentro estava já tudo a postos
e então saímos do carro e nos fizemos ao caminho…ao curto caminho, pois afinal,
já ali estávamos!
Entrámos,
após a revista que quase nos confiscou os cachecóis por alegarem que podiam ser
associados a uma claque…e constatámos…que afinal lá dentro também não havia
fumo branco para inicio da partida…pois havia muito “fumo branco”, chamado
nevoeiro cerrado.
Durante muito
tempo antes das 16h não conseguia sequer ver a linha de meio campo e por vezes
nem a baliza que era ali mesmo à nossa frente. Jurava para os que nunca lá
tinham ido que do outro lado também há uma bancada com pessoas. E volta e meia
via-se algo que parecia ser um jogador nosso a aquecer…com o momento mais alto
a ser um remate do Mitroglou ao poste, ali com a baliza mesmo à frente.
Sobre a
ridícula mudança de estádios o RedPass já disse tudo, e já o tinha escrito
também que não achava graça nenhuma a não podermos ir jogar a Tondela, ou a
Arouca, ou onde fosse, porque os clubes pequenos queriam mais receitas e
mudavam o estádio, ou porque sobem de divisão sem ter condições reais para
cumprir os requisitos logísticos. Este caso, foi ainda mais absurdo...e até a
população lá na ilha o dizia...já sabiam há uma semana que naquele dia ia estar
assim...que ia dar asneira, e ninguém fez nada... Permitem que um Clube suba de
divisão e sua inscrição tem de satisfazer uma série de requisitos e nenhum
deles é em prol dos interesses dos adeptos…nomeadamente o estádio?... Os clubes têm de apresentar condições para entrar nas competições em que se inscrevem, caso contrário não poderiam participar...mas valores mais altos se "alevantam"... E fazem
jogo em casa emprestada, na serra sabendo o que poderia acontecer com o
historial que aquela obra ali tem (atenção que os bilhetes foram postos há
venda 2ª feira apenas e já aí se sabia que ia estar muito mau tempo nessa
noite)!
À nossa
frente estava gente da ilha, que até nos consolavam por saberem bem o que
custava ter ido de propósito ver um jogo que é adiado…tinham vindo a Lisboa ver
o derby que foi adiado por causa das telhas a cair na Luz. Sócios do Marítimo,
manifestavam-se claramente contra os rivais madeirenses por terem esta vergonha
de estádio e a Liga permitir que isto aconteça ali sucessivamente e nada fazer.
E recordavam que já todos lá sabiam que isto iria provavelmente acontecer, que
o União tinha de ter feito os jogos noutro lado, que só foi para ali por
ganância e desrespeito para com os adeptos, e picar os do Marítimo, dado que
quiseram primeiro fazer o jogo nos Barreiros, mas o Marítimo só aceitava na
condição de que o União pagasse a dívida que tem para com o Marítimo… Sem
dinheiro, não há estádio. E em resposta, foram para ali… Na ilha, durante toda
a semana…o tema de conversa…foi o nevoeiro que ia cair sobre a serra naquele dia...mas
enquanto isso quem devia falar sobre o assunto devia a andar a falar doutros
interesses…
Querem imagens de estádios com bom tempo para ter jogado? Em vez de publicarem fotos ridículas de bom tempo em dia em que o jogo não podia ser realizado segundo os regulamentos, tivessem publicado fotos como esta, de estádio ali a 5 minutos ao lado, tiradas 1h30 antes do jogo que se devia ter realizado, no próprio dia, sem filtros! Até no
Machico havia malta a jogar…até no Caniçal havia putos a correr atrás da bola...e sem dúvida até nos Barreiros e mesmo na Ribeira Brava, onde estes "sem abrigo" do futebol têm a casa oficial...em toda a ilha, só ali estava mau tempo. Defenderem interesses de clubes terceiros em vez do próprio clubezeco e principalmente quem manda não defender os interesses dos principais afetados, é o país que temos. Só ali
estava frio e nevoeiro. Mas o jogo…tinha de ter sido arrastado para ali…que
azar…
O convívio,
as aventuras, tudo...é algo que ninguém nos tira...mas não poder ter visto o
jogo...dói pra caraças...foi preciso muita força, recebida de Lisboa…recebida
dos que nos cruzavam, recebida dos que estavam e dos que não puderam estar…e
após um par de horas comecei a recuperar do abalo que senti quando aí sim a
nuvem se abateu sobre mim às 17h…
Há pequenos
pormenores que para muita gente não passa de picuinhices, mas para quem vive
por aquele símbolo e toda a vida e agenda roda à volta dos jogos do SLB...fazem
muita diferença.
Estava muito
nevoeiro, continuo a acreditar que houve condições para o jogo se realizar pois
via-se de uma baliza à outra razoavelmente bem durante bastante tempo, mas ora
levantava ora baixava bruscamente, era uma incógnita... Quando entrámos não se
via um boi, depois melhorou, e houve alguns momentos em que até a bancada
oposta conseguíamos ver bem, mas de uma forma geral o nevoeiro rapidamente se
instalava e mesmo após o jogo ser oficialmente adiado, aquelas melhorias foram
provisórias e volta e meia olhava cá de baixo e nunca durante todo final de
tarde e noite se conseguiu ver a Choupana lá no alto… Independentemente do
relvado pesado, condições adversas, probabilidades de ser interrompido várias
vezes, o Benfica era o principal interessado (e seus adeptos mais ainda) em que
o jogo se realizasse naquele dia…e com jeitinho e muita falta de bom senso, até
teria dado para jogar…mas isso sou eu a falar irracionalmente pois daria um
dedo do pé para alguém ter levado dali o nevoeiro e teria ali esperado as horas
que fossem precisas para ver o jogo ser realizado.
Era capaz de
jurar toda a minha vida que teria visto aquele remate fabuloso do Jonas entrar
mesmo no ângulo superior esquerdo da baliza contrária…mesmo que na verdade não
tivesse conseguido ver sequer se a bola tinha passado do meio campo…bastava que
o som da bancada mais distante cá chegasse…bastava que o Samaris se virasse
para trás a dizer ao Luisão que tinha sido um golo do caraças…e o Jardel fosse
a correr para os braços do Júlio César…para aí saber que tinha sido lindo
aquele momento e que ninguém melhor nem mais perto do que eu o tinha
testemunhado!
O custo da
viagem, os dias longe da família, o cansaço, as 3 horas ao frio pela serra
acima...não têm preço. Os bilhetes do jogo, confirmei na Luz ontem de manhã
assim que cheguei (sim, pois no estádio não tiveram a decência de o dizer, para além de que as informações chegavam sempre 10 minutos mais rápido via telemóvel por as darem na tv muito antes de anunciarem no estádio), que
na Megastore são reembolsados mediante apresentação dos mesmos.
Da parte da
Comitiva do Benfica (jogadores, técnicos, dirigentes), não tenho dúvida que tudo fizeram e queriam tanto como nós que o jogo se tivesse realizado...mas apenas lamento é uma
coisa...é que após a confirmação oficial do adiamento do jogo, não tenha vindo
ninguém, nem um nem dois nem três, nem os capitães, nem o treinador...até ali
junto a nós na bancada...agradecer tudo o que fizemos para ali estar...em vão.
Um simples aparecimento, terem vindo lá de dentro dos balneários até ali uns
segundos para um aceno, retribuição dos aplausos por todo o esforço...seria o
que pedi naquela altura...e era o que diferenciava a Grandeza do nosso Benfica.
São pequenos pormenores que fazem uma Grande diferença para quem lá vai!
Pequenos pormenores, que não são tão pequenos assim…
As aventuras
e desventuras continuaram até ao último segundo…desde a avaria no sensor de
combustível no carro que alugámos, que nos fez voltar duas vezes à bomba de
gasolina que fica longe pra burro e nem com aquilo a transbordar e a molhar o
chão dava sinal de estar cheio e queriam-nos cobrar extra por não entregar o
carro com o depósito cheio…até à turbulência brutal que levámos à chegada a
Lisboa, com meia cabine à procura urgentemente dos sacos de papel para cantar o
fado, e que até parecia que estávamos a aterrar na Choupana…pois a visibilidade
era tal, que já só vi que estávamos de volta quando senti o cheiro a borracha
queimada contra o asfalto da Portela.
Foi um
fim-semana inesquecível. Só com amigos assim se tornam momentos difíceis e
desanimadores em recordações que deixar a olhar para o calendário para ver
quando será tempo de lá poder regressar.
Afinal sempre era possível tirarem-me o jogo na Madeira...parece que tenho é de ir à bruxa. O jogo foi
cancelado por causa do nevoeiro, mas parece que por cá o nevoeiro ainda foi
pior pois o país continua entregue aos bichos.
Ah, mas ao
menos apareceste na televisão…e o que importa é que ninguém se magoou!
Dizer em modo
de conclusão, que continuamos invencíveis na Madeira desde que comecei a ir à
ilha ver a bola…a diferença…é que desta vez foi porque o jogo…afinal foi
adiado!
Para quando?
Que seja para Janeiro, arranjem forma de meter este jogo na mesma semana do
jogo do campeonato lá. Assim procurava-se “matar dois coelhos” com uma
só…viagem!
Até para o
ano, Funchal! #sejaondefor #atedebaixoagua #atecomnevoeiro #ouentaonao
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