Foi no dia 22 de Março de 1972 que, no Inferno da Luz, 69.021 espectadores viram o Benfica, treinado por Jimmy Hagan, dar a volta a uma eliminatória da Taça dos Clubes Campeões Europeus, que tinha começado mal na Holanda, onde o Feyenoord venceu 1-0. Fomos menosprezados pelo treinador do Feyenoord, Ernst Happel, e pelo capitão, van Hanegem, que nos comparou ao Excelsior, na altura o último classificado do campeonato holandês. Disseram que "os jogadores do Benfica são provincianos" e "vai ser fácil ganhar ao Benfica"
Aos 6' o Nené abriu o marcador e aos 31' o Jordão coloca o Benfica nas meias finais. A 15' do fim do jogo os holandeses reduzem, e gelam o Estádio da Luz.
Com os comentários desdenhosos dos holandeses a soar nos ouvidos os jogadores foram à luta. O capitão Jaime Graça rouba a bola aos holandeses, que brincavam no seu meio-campo, e rapidamente chega ao Nené, que marca o seu segundo da noite aos 81’ e dá início a uma goleada que terminaria com o triunfo por 5-1, depois de mais dois golos – um de Jordão (87’) e outro de Nené (89’). Três golos nos últimos 15 minutos.
Fez-se história! Mais tarde o grande Nené diria que foi o jogo da sua carreira.
Nené no jogo entre o Benfica e o Feyenoord
Andas um pouco atrasado em termos informativos.
ResponderEliminarO RED PASS já publicou este texto há alguns dias e com um comentário feito por alguém que corrige inequivocamente o autor dessa peça pouco cuidada, que aqui publicas.
Os “15 minutos à Benfica” vêm desde os primórdios da década de 60 e não da de 70!
Não induzam em erro os leitores e tenham o cuidado de colocar nos vossos blogues a informação histórica sobre o Benfica com maior rigor e precisão.
Na década de 60, em muitos jogos internacionais, especialmente para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, competição que posteriormente se passou a chamar Champions League cujo desenho veio a ter alterações em relação à inicial, incluindo pré-eliminatórias, play-off, fase de grupos e eliminatórias finais, já o Sport Lisboa e Benfica tinha esse quarto-de-hora demolidor.
Foi, desde o Benfica-Nuremberga, a 22 de Fevereiro de 1962, em que vínhamos da Alemanha com uma desvantagem de 3 a 1, que começou a falar-se mais intensamente desses MÍTICOS QUINZE MINUTOS.
Nesse jogo extraordinário e épico, o Benfica, ao 15 minutos já ganhava por 3 a 0 com golos de Eusébio aos 2 e 4 minutos e de Coluna aos 20 minutos.
No entanto já tinham acontecido resultados assustadores para os nossos concorrentes desde 1960 - Benfica-Hearts (3-0), Benfica-Ujpesti (6-2), Benfica-AArhus (3-1 cá e 4-1 em Aarhus), Benfica-Rapid de Viena (3-0). Na época seguinte, ainda em 1961, em 8 de Novembro, 5-1 ao Austria de Viena, a seguir, já em 1962, 6-0 ao tal Nuremberga, depois 3-1 ao Tottenham e finalmente 5-3 ao Real Madrid. Mas nos anos seguintes muitas outras goleadas se seguiram com golos marcados logo no início das partidas. O Estádio da Luz, tal como hoje, felizmente, estava sempre quase repleto ou totalmente cheio. Fico muito contente ao vê-lo hoje, assim, fazendo-me relembrar esses tempos únicos e ímpares do nosso Glorioso Benfica, o GRANDE BENFICA DE 60!
Daí essa lenda (que afinal é uma realidade épica), com convenhamos, deveria ser bem explorada hoje, muito embora actualmente, os jogadores e equipa técnica do Benfica também saibam bem o que conta marcar e empatar eliminatórias bem cedo. O Borussia, lá na Alemanha, foi exemplo disso aquando do nosso último jogo internacional.
Vai ao RED PASS e no antepenúltimo post, na secção dos comentários está lá um Benfiquista que te pode ensinar a ti e ao jornalista que fez essa peça às três pancadas, alguma coisinha sobre esta matéria.
Se quiseres publicar, publica, se não quiseres, ao menos lê!
GRÃO VASCO
Caro amigo Grão Vasco,
ResponderEliminarFui induzido pelo artigo do Público, jornal que não me levanta suspeitas. Em '72 ainda me faltavam 2 anos para nascer, e ainda mais alguns para ter memória de ir ao Estádio da Luz.
Fui ao RED PASS ler o seu comentário (http://redpass.blogs.sapo.pt/15-minutos-a-benfica-1124322#cutid1), que de seguida copio, para que todos o possam ler.
"GRÃO VASCO 22.03.2017 13:49
Caro Red Pass,
Os 15 minutos à Benfica não foram forjados no tempo de Jimmy Hagan, como refere o autor da crónica do jornal e como o Caro Companheiro sabe.
Já muito tempo antes o Benfica tinha esse "amuleto" do quarto-de-hora.
Benfica-Nuremberga, 6-1! Só para citar um deles em que os alemães foram trucidados pelo poder atacante do Benfica.
Benfica-Real Madrid, 5-1! Uma das noites mais fabulosas de Eusébio!
Mas há muitos mais, do Grande Benfica de 60!
O Benfica-Feyenoord foi um jogo épico da década de 70. Estive lá. Foi a primeira vez que fui ver um jogo europeu e logo à noite. Fiquei deslumbrado pois nunca tinha visto o Estádio da Luz como o pude ver essa noite. Foi extraordinário! E com dezassete anos, um remediado "provinciano", vindo propositadamente de Viseu, numa aventura perigosa pela Estrada Nacional nº1, entrei pela primeira vez na Luz à noite. Caía uma morrinha no início do jogo. Adolfo, um lateral esquerdo à Benfica faz um slalom fantástico, para centrar com conta peso e medida para Néné, na grande área, que de cabeça provoca o primeira erupção na Luz. Um clamor inesquecível. Depois veio toda a história que é contada acima. A Luz e o Benfica, nessa noite, tiveram um dos seus maiores apogeus futebolísticos da sua longa história!
A minha descrição histórica desse jogo tenho-a no meu livro sobre Jogos Épicos.
Sem vaidade e pretensiosismo de qualquer espécie, muito melhor do que aquilo que acabei de ler.
Um dia se me der licença, colocá-la-ei aqui.
Foi fantástico. Mas ao contrário do que é descrito na história que transcreve, ninguém, e vou repetir, NINGUÉM arredou pé.
Essa foi uma das razões, provavelmente, para a linha avançada do Benfica, na altura, uma das melhores que vi actuar, Néné, Artur Jorge e Jordão, e ainda com Eusébio, Jaime Graça e Toni, arrancasse para três golos nos dez minutos finais, dos quais o 1º (terceiro no jogo) foi do outro mundo... e por Néné
Estavam os 11 jogadores holandeses dentro da sua área e mais alguns do Benfica.
Uma floresta de pernas por entre as quais a bola rematada por Néné passou, constituindo um GOLO DO OUTRO MUNDO!
Mas haveria muito mais por contar. Por exemplo, quando Happel, um quarto-de-hora antes do início do jogo resolveu entrar no relvado e enfrentar, numa atitude desafiadora, a plateia do 3º anel, mesmo no centro do terreno. Provavelmente nunca mais se terá esquecido daquela assobiadela monstra que só acabou quando ele apressadamente voltou costas e se dirigiu para as cabines, ao fim de um breve minuto. Creio que começou aí a perder o jogo e a eliminatória. Fico-me por aqui.Ainda hoje me arrepio todo quando me lembro desse jogo!
69.000 pessoas? Não! Estavam lá mais de 80.000! O estádio rebentava pelas costuras!
Saudações Benfiquistas.
GRÃO VASCO"
"GRÃO VASCO 22.03.2017 13:54
Peço desculpa pelo pequeno lapso.
O jogo foi em 1972 e a 22 de Março! Tinha 15 anos.
A idade vai desvanecendo um pouco as datas..."
Agradeço o esclarecimento,
Saudações Benfiquistas
Nuno
Companheiro Glorioso,
EliminarElevação e categoria. Uma atitude que enalteço. Só poderia ser de um Benfiquista Autêntico.
Obrigado também.
GRÃO VASCO